27 outubro, 2008

Consciência




Brincava com os meus amigos,
Simulando ser inimigos,
Num velho palhal em ruínas.
As armas, de tábuas finas,
Trabalhadas a canivete,
Eram um pleno brilharete.

Pelo meio, comemos figos
Até dilatar os umbigos;
De uma das sombrias minas,
Donde águas cristalinas
Jorravam em fino tapete,
Bebemos, por um capacete.

Suspendemos a brincadeira.
Sentado sobre a soleira,
Libertada da sua porta,
Que dava para uma horta,
Observava uma galinha
Podando uma erva daninha.

Longe da sua capoeira,
Revolvia, toda ligeira,
O manto de folhagem morta;
Do aroma não se importa;
Com porte de uma rainha,
Mantém os seus pintos na linha!

Levantei-me... devagarinho,
E, agarrei um pintainho.
Foi então, que decidi fazer
Uma prisão onde o meter.
Tapei o buraco com pedras,
Obstando que fugisse delas.

Afastei-me. Mas, no caminho,
Introduziu-se de mansinho
Uma sensação a corroer
A razão; Tive que desfazer
A acção; Ignorava as regras.
Não matar em vão; das mais belas.


António Castanheira- Portugal

Um comentário:

Unknown disse...

Olá, Linda!

Espero que tenhas tido um bom
fim-de-semana.

O tempo passa tão depressa quando estamos com quem amamos...

E, depois, esta vida que levamos, sem sentido, sempre a correr...
Devíamos viver a vida devagar, sentí-la, gozá-la, vive-la!
Enfim, andamos meios perdidos, não sabendo bem qual a direcção a seguir de forma a darmos significado a esta vida...
Talvez, os orientais tenham razão, devíamos cultivar, desenvolver, essencialmente o nosso lado Espiritual...

Espero e desejo que tenhas uma excelente semana!

Um abraço deste amigo de além-mar.
António