25 setembro, 2011

A culpa do outro















Olhar perdido sem brilho
Mãos que catam no lixo
direitos e alforria
Sem nenhuma valentia...

Na luta desigual sem amparo
No amparo da lei em fatias
Muitos ficam com as migalhas
De uma guerra insana,vazia...

E os doutos em seus altares
Nada sabem,tudo maquiam
Brilham no ouro e na prata
Numa estranha euforia...

E a miséria se alastra
Tanto aqui como acolá
E a carapuça não serve
Ao nobre e ao doutor
Que alardeiam piedade
Aos pobres com fervor...

Sonhos que são podados
Moradas que não existem
Fome e desolação
Numa cena sempre triste...


Até quando seremos
indiferentes
subservientes
descontentes... ?


Linda Simões


Imagem- net

18 setembro, 2011

Assim, sou eu…


Assim, sou eu…

Nau, vela triangular
História viva,
Arrojada e atrevida
Gaivota no ar.
Cais, abrigo
Refúgio, tempestade,
Maré cheia,
Maré vaza,
Chama em brasa.
Sou Fábula, e luz
Loba prenha de dor,
Mulher amante,
Equídeo errante
Pejada de amor.
Sou alma volátil,
Corpo alado,
Árvore viva
Na berma da estrada.
Urze do monte,
Giesta em flor.
Água da fonte,
Friso liso e fino
Tocando a linha do horizonte.
Sou guerreira, sou pastor,
Esquina de rua nua
Calçada roubada, desengonçada
Porta aberta na noite fechada.
Sou sol, sou fogo,
Sou grito, sou ai
Gargalhada desamarrada
Folha caída atapetando o chão.
Digo sim e digo não
E não digo outra coisa qualquer,
Porque eu
Sou mesmo assim!

Inédito de MJAreal

Copiado do blog da Fernanda- http://nacasadorau.wordpress.com/

10 setembro, 2011

O Rosto da Fome




O ROSTO DA FOME

Que vergonha,
O rosto da fome
Tem olhos de criança,
Pele macia e mãos pequeninas,
E traja o presente
Com a cor da esperança
Que os seus olhos vestem dia-após-dia.
Esquecido e calado, vagueia à deriva,
Pela sorte enferma que lhe chora a vida.
Nas mãos, um punhado de restos
Tão mudo e tão mouco…
E o que sobra e que fica
É uma sombra oriunda
Da cegueira de todos!

Que vergonha,
O rosto da fome
Tem olhos de criança!

13/08/2011
Ana Martins

A Poesia no Encontro do Tempo- Concurso de Poesia no Centro Cultural de Campos- Portugal.


Ana Martins,primeiro lugar no concurso de poesias, escreveu o livro Ave sem Asas, em 2010.Ribatejana,natural de Santarém e Fafense por adoção. "Passou a infância entre África e Portugal, o que lhe permitiu o contato e uma perspectiva de diferentes culturas,enriquecendo assim o sentido humanístico,característico na sua personalidade. "