26 abril, 2009

A FITA MÉTRICA DO AMOR-MARTHA MEDEIROS




Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.

Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

19 abril, 2009

16 abril, 2009

Filho Do Dono-Petrúcio Amorim




Não sou profeta
Nem tão pouco visionário
Mas o diário desse mundo
Tá na cara
Um viajante na boleia do destino
Sou mais um fio
Da tesoura e da navalha

Levando a vida
Tiro versos da cartola
Chora viola
Nesse mundo sem amor
Desigualdade
Rima com hipocrisia
Não tem verso nem poesia
Que console o cantador
A natureza na fumaça se mistura
Morre a criatura
E o planeta sente a dor

O desespero
No olhar de uma criança
A humanidade
Fecha os olhos pra não ver
a ambição o desamor a ignorância
aumenta o crime e cresce a fome do poder

Boi com sede
Bebe lama
Barriga seca
Não da sono
Eu não sou dono do mundo
Mas tenho culpa
Porque sou filho do dono

08 abril, 2009

Cidade Grande-Petrúcio Amorim




Cidade grande, moça bela
Tu tens o cheiro da ilusão
Quem passou na tua janela
Já conheceu a solidão

Cidade grande
Chaminé de gasolina
Foi minha sina
Nos teus braços vir parar
Tua grandeza
Me levou a um delírio
Feito um colírio
Clareando o meu olhar
Cidade grande
Paraíso da loucura
Quem te procura
Feito eu vim te procurar
Sofre um bocado
Pra entender o teu mistério
Falando sério
Foi difícil acostumar (Refrão)

Teu movimento
Eu comparei a um formigueiro
De tão ligeiro
Comecei a imaginar
Meu Deus do céu
Como é que a felicidade
Nessa cidade
Acha um espaço pra morar
Minha tristeza
Rejeitou tua alegria
Num belo dia
Quando eu pude perceber
Que o progresso
É que faz do teu dinheiro
Um cativeiro
Onde se mata pra viver

Quando eu olhei
A água preta do teu rio
Um calafrio me subiu ao coração
Fiquei com medo
De algum dia o oceano
Achar um plano
E se vingar na traição
Cidade grande
Se tu fosses minha um dia
Eu te mostraria
Como a abelha faz o mel
Mas quem sou eu
Apenas um simples poeta
Que vê a vida
Com os olhos para o céu