06 outubro, 2014



                   Das coisas que eu sei- Dar nascimento a si próprio


            " É a partir de uma certa idade que a nossa veia publicitária vai ficando mais discreta" e podemos escolher quem fará parte da crônica de nossa vida anunciada.Começamos a selecionar amigos,músicas,lugares,sentimentos. Queremos ao nosso lado aqueles que nos querem bem sem interesse.Não anunciamos aos quatro ventos os nossos feitos,as nossas conquistas,mesmo num mundo tão completamente tomado pelo narcisismo ou culto à beleza efêmera,ao que ilude os olhos e manipula massas.
Dizem que o amor é uma coisa íntima ,"mas todos nós temos a necessidade de torná-lo público.É a nossa vitória contra a solidão".Alguns falam que o amor nasce da união do homem para vencer o isolamento e escapar da loucura.Outros,que ao amarmos, "todas as coisas deixam de se tornar defeitos, porque conseguimos agora ver sua essencialidade e o seu valor". Platão subordina Eros e Logos,ou seja,subordina o amor à razão. 
             " Tudo pode ser contado de outra maneira." E o amor pode contar muitas histórias. 

               Tempo e vida.É tudo que precisamos para contar velhas/ novas histórias.
     
              


            
        Para o José, no dia do seu aniversário.(05/10)


       Ana Simões
     

21 janeiro, 2014

Já é quase carnaval

Já é quase carnaval e lá fora surge a alegria... 
Das coisas vãs. Da tristeza escondida.
Do rosto pintado.Do amor fugaz.
Já é quase carnaval e o sol não brilha pra todos,nem há mesa farta.
Não há abrigo,não reina a igualdade.
Já é quase carnaval e os mascarados estão soltos,a cobiça e a ganância escancaram os dentes...
Há foliões perdidos na ilusão das marchinhas,no jogar de confetes e serpentinas no salão...
Já é quase carnaval e as luzes se apagam no vazio da multidão...
Já é quase carnaval e a carne nada vale.
Já é quase carnaval...


Linda Simões

23 dezembro, 2013

Soneto de Natal
Machado de Assis


Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço no Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"

12 junho, 2013

Labirinto

No labirinto estou. Meio acordada, meio sonhando. Esperando o futuro,que está lá.Enquanto isso,no emaranhado que é minha vida, tem um porto,tem mar. Um oceano imenso que não está cá. Tem tempo, é intemporal.Para lá do normal.Esperando o tempo passar. (Ana Simões)


MAZE- Tela de José Ferreira / Portugal

17 fevereiro, 2013

Das coisas que eu sei- Exposição na Lourinhã

JOSÉ FERREIRA - Na Galeria de Exposições do Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira- Lourinhã  

Exposição de Pintura
Convite/Invitation

É com satisfação que vos convido a visitar mais uma exposição de pintura, desta feita promovida pela Divisão de Intervenção Social e Cultural do Município da Lourinhã, que reunirá 20 trabalhos meus, seleccionados entre pinturas e desenhos. Não é uma escolha temática. Será mais um epítome da minha produção pictórica entre 2007 e 2011,
resultante da livre escolha da promotora.

A exposição terá lugar na Galeria de Exposições do Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira, no centro histórico da Lourinhã, Rua João Luis de Moura, nº 60  sendo inaugurada no dia 15 de Fevereiro pelas 18:00 horas  (onde estarei) prologando-se até 28 desse mês.
A entrada é livre, funcionando todos os dias úteis entre as 10:00 e as 12:30 e 14:00 e 17:30 horas. Não se encontrará aberta aos sábados e domingos, excepto para grupos que o justifique.

21 julho, 2012

Não pensem que...

Não pensem que... Não pensem que vou desistir da vida, Só porque os dias me açoitam E as noites me agitam. Não pensem que vou desistir da vida, Só porque lá fora o mundo se atropela E a gente anda aturdida. Não pensem que vou desistir da vida, Só porque em Agosto choveu E o mar estremeceu. Não pensem que vou desistir da vida, Só porque os olhos do vento Se esbugalharam contra os meus. Não pensem que vou desistir da vida, Só porque o Gaio deixou de cantar E a seara não deu trigo maduro. Não pensem que vou desistir da vida, Só porque ser amigo demora E as palavras deixaram de ser sentidas. Não pensem que vou desistir da vida, Só porque desacreditaram os poetas E esqueceram as laranjas da madrugada. Não pensem que vou desistir da vida, Só porque uma árvore morreu queimada E a rosa murchou no umbral da tua casa. Não pensem que vou desistir da vida. Não pensem que vou desistir da vida. Sobra-me o espanto e tanto atrevimento. Maria José Areal
Faces- tela de Linda Simões Poesia de Maria José Areal

20 maio, 2012

Vaidade- Florbela Espanca

Sonho que sou a Poetisa eleita,/ Aquela que diz tudo e tudo sabe,/ Que tem a inspiração pura e perfeita,/ Que reúne num verso a imensidade!/ Sonho que um verso meu tem claridade/ Para encher o mundo! E que deleita/ Mesmo aqueles que morrem de saudade!/ Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!/ Sonho que sou Alguém cá neste mundo.../ Aquela de saber vasto e profundo,/ Aos pés de quem a Terra anda curvada!/ E quando mais no céu eu vou sonhando,/ E quando mais no alto ando voando,/ Acordo do meu sonho... E não sou nada!.../ Florbela Espanca
Buddha Eden- Portugal /Foto de meu arquivo pessoal